É impossível falar de afrofuturismo sem começar pelo papel desempenhado pelo arranjador, compositor e tecladista Herman Poole Blount. Nascido no Alabama (EUA), em 1914, ele se mudou para Chicago, em 1950, e liderou a corrente avant-garde do jazz, que se opunha tanto aos puristas quanto aos moderninhos do bepbop. Sua música ganhou um nível de experimentalismo inimaginável à época. Na pele de Sun Ra (Sun = sol em inglês e Ra = nome do deus Sol, do Egito), ele se dizia um enviado de Saturno com a missão de pregar a paz social.
Além da qualidade musical, suas apresentações ficaram conhecidas pelo visual afro-psicodélico das roupas dos integrantes da The Arkestra, uma big band que chegou a reunir 30 músicos, e dos cenários com fotos de pirâmides e planetas. A fusão com os elementos das civilizações ancestrais da região do rio Nilo o transformaram no pioneiro do Afrofuturismo, título que ele nunca quis assumir.
Tão intrigante quanto suas performances, de acordo com os críticos, era sua música. Sun Ra abusou da ousadia, deixando um enorme legado e influenciando gerações de jazzistas por todo o planeta. Após sua morte, em 1993, a banda foi rebatizada de The Sun Ra Arkestra e seguiu realizando performances pelo mundo. Inclusive no Brasil, em 2019, no Festival de Jazz do SESC-SP.
Confira o trailer do filme “The Space is the place” de Su Ra para conhecer mais a estética do seu trabalho:
Texto: Rosenildo Ferreira